
Muitos donos de empresas me perguntaram sobre a paralisação organizada pelos caminhoneiros, quais seriam os impactos para a economia e mais especificamente para as pequenas e médias empresas do Brasil. Sem julgar suas motivações políticas e sociais, quero aqui refletir sobre três aspectos: dependência modal, estoques e processos.
Divulgado no Fórum Econômico Mundial (WEF), o Relatório de Competitividade (2015/2016) nos mostra que a qualidade da infraestrutura rodoviária e ferroviária brasileira se encontra entre as piores do mundo, estando respectivamente nas posições 121 e 98 de 148 países avaliados. Ainda segundo o relatório, os empresários nacionais entrevistados afirmam que a infraestrutura brasileira é o fator mais problemático quando se fala em competitividade, superando até mesmo o complexo sistema tributário do país.
Segundo a Fundação Dom Cabral, na origem do problema de infraestrutura encontra-se a priorização dos investimentos governamentais nas opções de transportes, sendo 61% via rodoviário, 21% ferroviário, 14% aquaviário, 0,4% aéreo e 3,5% outros modais.

FONTE: Fundação Dom Cabral
Como diminuir os impactos da paralisação
Afinal, o que a minha empresa pode fazer para diminuir os impactos operacionais diante de tanta dependência rodoviária no país? A resposta envolve vários aspectos gerenciais, mas um dos mais importantes é sem dúvida a gestão dos estoques de matéria prima e de produtos acabados.
Se como empresário ou gestor você ficou “feliz” por não ter parado a fábrica pois tinha estoque suficiente: cuidado, você pode estar cometendo um erro maior. Você faturou e entregou a sua produção na semana da greve? Como está a organização e a ocupação do seu espaço físico? No saldo pós-paralisação, como está o fluxo de caixa da sua empresa? E finalmente, qual o real motivo de se manter estoques de matéria prima para pelo menos 10 dias de operação?
Por experiencia e dedução, você provavelmente não conseguiu entregar seu produto acabado pelo mesmo motivo que não recebeu as matérias-primas. Seu almoxarifado está ocupando uma valiosa área útil, gerando mais despesas de movimentação e aumentando o risco de avarias; e certamente seu fluxo de caixa foi acionado para suprir despesas rotineiras que seriam liquidadas após o faturamento.
Manter estoques ou pausar a produção?
A necessidade de se manter estoques certamente está ligada aos desperdícios operacionais dos seus processos. Segundo a filosofia Lean desenvolvida pela Toyota, os desperdícios são classificados em 8 tipos: transporte, movimentação, espera, processamentos desnecessários, estoques, ideias e superprodução. Segundo o jornal paranaense Gazeta do Povo, já no primeiro dia de greve, as principais montadoras como Honda, Nissan, Volvo, Toyota pararam por falta de peças. Isso quer dizer que elas trabalham com estoques menores do que o suficiente para um dia de trabalho.
A greve nos mostrou que o sistema logístico nacional é de fato um problema muito grave que deve ser resolvido. Enquanto a solução definitiva não é alcançada, manter estoques altos em detrimento da continuidade operacional certamente será mais custoso do que o custo de parar a produção. Isso acontece por que as despesas fixas serão sempre as mesmas (produzindo ou não) e as despesas variáveis continuarão aumentando sem que o faturamento aumente proporcionalmente. A ocupação dos recursos máquinas e mão de obra não deve ser o critério determinante para o start produtivo, a não ser que você não tenha problemas com fluxo de caixa. Vale então comprometer o fluxo de caixa, gastar energia, insumos e matéria-prima, em troca da fábrica em funcionamento? Certamente não.
Se estoque é razão e consequência de um ou vários desperdícios, o bom gestor deve considerá-lo como uma oportunidade de ganho. Cabe a ele identificar os desperdícios, resolvê-los e aí sim reduzir os estoques em busca de um processo mais ágil, confiável e consequentemente um melhor fluxo de caixa.
Se você está inseguro sobre os processos da sua empresa ou deseja otimizar o trabalho da sua equipe com foco em maior produtividade, os cursos e treinamentos da Go Process podem te ajudar. Nossos consultores estão treinados para interagir com o seu time, colocando o nosso conhecimento técnico a serviço de uma otimização natural e abrangente do seu processo de produção. Entre em contato e agende uma visita.
Comments